O comércio exterior global enfrenta grandes desafios em 2022, principalmente devido ao impacto contínuo da guerra na Ucrânia e à pandemia de Covid-19. Com cadeias produtivas pressionadas, custos crescentes e atrasos nas entregas, manter o mercado interno aquecido exigirá um esforço considerável dos governos para apoiar as empresas nacionais, pois o impacto se reflete diretamente nos preços dos produtos e, por extensão, na população.
Apesar de todos esses desafios, o Brasil, como um dos maiores exportadores mundiais, tem respondido bem à instabilidade do ambiente global. 2022 é um ano recorde para o comércio internacional do Brasil, já que o mercado interno ainda está se recuperando do impacto da pandemia. No mesmo período, o valor das importações foi de US$ 272,7 bilhões e o valor das exportações foi de US$ 335 bilhões, um aumento de 24,3% e 19,3%, respectivamente, em relação a 2021.
No entanto, uma série de questões colocam sérios obstáculos ao mercado interno. É o caso da volatilidade da moeda norte-americana, que encarece o processo e cria maiores dificuldades de crédito, principalmente para PMEs. As frequentes flutuações e os recentes aumentos nos preços do dólar criaram sérios problemas para as empresas importadoras. Estima-se que as PME representem cerca de 38% do total de importações, o equivalente a mais de US$ 100 bilhões por ano, de acordo com dados do governo de 2019.
O acesso ao crédito tornou-se cada vez mais escasso e os riscos aumentaram para as PME, que normalmente não dispõem de recursos financeiros para fazer face a esta situação e tendem a ser mais afetadas pelo impacto deste crescimento. A volatilidade afeta toda a cadeia, pois afeta diretamente os custos do embarque internacional e as taxas cobradas pelos portos, entre outros. Nesse sentido, até mesmo os exportadores são afetados de alguma forma por esses altos custos.
Questões logísticas são outro obstáculo para o comércio internacional do Brasil ao longo do ano. Para efeito de comparação, um levantamento da CNI mostrou que, antes da pandemia, 80% dos navios chegavam aos portos brasileiros no prazo. Atualmente, esse número é de apenas 30%. Os problemas observados incluíam confusão nas rotas marítimas e escassez de contêineres. Embora esse seja um problema antigo, a ocorrência desses atrasos pode diminuir no futuro, à medida que as condições macroeconômicas melhorarem e os investimentos em infraestrutura forem feitos.
Problemas estruturais como organização logística, custos de frete, infraestrutura frágil e altas tarifas não desaparecerão completamente até 2023. No entanto, se a situação internacional melhorar, principalmente em relação aos EUA, China e Rússia, além de investimentos internos em infraestrutura e simplificação tributária, podem ajudar o país a bater mais um recorde no comércio exterior.DF